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Com respeito e propósito: projeto de Jamir Calili busca aprimorar resgates

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Escrito por Jamir Calili

Existe uma distância entre o que a lei permite e o que a sensibilidade pública aceita. E é exatamente nesse espaço que moram os debates mais difíceis e, por isso mesmo, os mais necessários.

O Projeto de Lei nº 171/2025 propõe algo simples, mas profundamente simbólico: autorizar a doação de segmentos amputados e de corpos humanos para o treinamento de cães farejadores em operações de busca e resgate. Soa estranho? É porque mexe com tabus antigos, que a sociedade finge não ver, mas que gritam nas entrelinhas de tragédias reais.

Quem já viu de perto o trabalho de resgate em deslizamentos, soterramentos ou buscas por desaparecidos sabe que o tempo é um inimigo cruel. E sabe também que cães farejadores são, muitas vezes, a última esperança de encontrar uma vida, ou ao menos um corpo, antes que o tempo e a natureza façam seu trabalho silencioso. Mas há um problema técnico que pouca gente conhece: os cães hoje treinam com substâncias sintéticas como a cadaverina, que, embora úteis, não simulam de verdade o que o olfato canino encontra num corpo humano em decomposição.

E aí vem o ponto nevrálgico: é possível, e ético, usar tecidos humanos reais para esse treinamento? A resposta do projeto é clara: sim, desde que com consentimento. Sim, desde que com respeito. Sim, porque salvar vidas exige coragem inclusive para enfrentar o desconforto.

O PL 171 não ignora os dilemas. Pelo contrário, os enfrenta com regras claras: doações só com autorização formal do paciente ou familiar; uso exclusivo por órgãos de segurança pública; protocolos sanitários e éticos rigorosos. O que se propõe não é banalizar a morte, mas dar um propósito a ela. Não é invadir o corpo, mas ampliar o alcance da vida.

Algumas pessoas podem achar estranho. Outras podem pensar que é algo mórbido. Mas talvez seja hora de perguntar: e se for seu filho desaparecido sob os escombros? Seu irmão levado por uma enchente? Sua mãe soterrada numa tragédia? Você preferiria um cão bem treinado, capaz de encontrar rápido, ou um treinamento falho, porque nos faltou coragem de lidar com o que é real?

A proposta é ousada, mas não é isolada. Há respaldo legal (como a Lei Federal nº 8.501/1992), há precedentes internacionais e, principalmente, há uma urgência que não se esconde mais: treinar melhor para salvar mais.

O que se espera da sociedade agora é maturidade. Porque respeitar a dignidade humana é também reconhecer o valor do corpo mesmo depois da vida, quando ele pode ajudar outros a sobreviver.

Para mais informações, entre em contato com o gabinete do vereador Jamir Calili através do e-mail jamir@jamircalili.com.br ou pelo WhatsApp (33) 98879-4346.

Assessoria de Imprensa

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